O câncer infanto-juvenil consiste em um conjunto de doenças que apresentam características
próprias, em relação à histologia e ao seu comportamento clínico. Na maioria das populações,
esse tipo de câncer corresponde a 1-4% de todas as neoplasias malignas.
No Brasil, conforme dados publicados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa de casos novos de câncer infanto-juvenil para o ano de 2020 é de 8.460, sendo 4.310 para o sexo masculino e 4.150 para o sexo feminino. A taxa bruta brasileira estimada de casos novos por milhão de crianças e adolescentes até 19 anos é de 138,44.
Nas últimas décadas, vêm ocorrendo no Brasil mudanças nas causas de mortalidade e morbidade, em conjunto com outras transformações demográficas, sociais e econômicas. Assim, como nos países desenvolvidos, no Brasil o câncer representa a primeira causa de óbito por doença (8% do total), entre as crianças e adolescentes de 1 a 19 anos de idade. De acordo com Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) o número de mortes por câncer foi de 2.565 no ano de 2018, sendo 1.412 para o sexo masculino e 1.153 para o sexo feminino. Infelizmente, com base nos dados dos registros de câncer atualmente consolidados, muitos pacientes em nosso país ainda são encaminhados aos centros de tratamento com a doença avançada.
Neste contexto, é importante reduzir as desigualdades no acesso ao diagnóstico e na qualidade do tratamento e, assim, melhorar os resultados terapêuticos para todas as crianças, especialmente aquelas que vivem em países com recursos limitados.
SETEMBRO foi o mês escolhido para intensificar a conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer infanto-juvenil, representado mundialmente pelo símbolo do LAÇO DOURADO.
As neoplasias malignas mais frequentes na criança e no adolescente diferem daquelas típicas do adulto do ponto de vista topográfico, histológico e clínico evolutivo. As neoplasias malignas na criança tendem a apresentar menores períodos de latência, crescem quase sempre rapidamente, são geralmente invasivas e respondem melhor à quimioterapia. O câncer infanto-juvenil geralmente afeta as células do sistema hematopoiético e os tecidos de sustentação, enquanto que no adulto, afeta as células do epitélio que recobrem os diferentes órgãos. Os tipos histológicos mais frequentes na criança e no adolescente são as leucemias, os tumores do sistema nervoso central e os linfomas.
O que aumenta o risco de câncer infanto-juvenil?
Não há evidências científicas, até o momento, que fatores de risco relacionados ao estilo de vida (ambientais) tenham associação com câncer infanto-juvenil. Alterações genéticas que propiciem ao desenvolvimento de um determinado tipo de câncer na criança são muito raras. Assim, é fundamental a orientação para o diagnóstico precoce do câncer, visando melhor chance de cura, de sobrevida e de qualidade de vida para estas crianças e adolescentes.
A prevenção do câncer pediátrico raramente é possível, porém a orientação em relação aos fatores de risco para a ocorrência do câncer na vida adulta pode e deve ser realizada pelo pediatra. As orientações devem envolver a proibição do hábito de fumar, a utilização de alimentação adequada (amamentação, alimentos pobres em gordura, ricos em fibras, isentos de aflatoxinas, nitritos, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos), a manutenção de peso adequado, a redução das infecções com agentes carcinogênicos (bactéria helicobacter, vírus da hepatite B, vírus de Epstein Barr, HPV tipo 16 e 18, HIV e HTLV1, entre outros), os cuidados com o meio ambiente (evitar exposição excessiva ao sol, exposição a radiações), além de evitar o sedentarismo, ingestão de bebidas alcoólicas, higiene precária e exposições ocupacionais (benzeno, amianto, agrotóxicos e outras).
Em relação à orientação alimentar, o aleitamento materno é a primeira ação de alimentação saudável, protegendo as mães contra o câncer de mama e as crianças contra obesidade infantil. O câncer na faixa etária pediátrica é raramente hereditário e na maioria dos casos não apresenta história familiar e/ou associações com alterações genéticas ou congênitas. No entanto, o retinoblastoma (tumor maligno intra-ocular) em 40% dos casos pode ser de origem genética, sendo neste caso, importante o aconselhamento genético.
Sinais e sintomas de alerta para o câncer infanto-juvenil:
• Leucocoria(pupila branca)
• Estrabismo, nistagmos que surgem repentinamente
• Exoftalmia, equimose palpebral, heterocromia, anisocromia
• Aumento de volume em qualquer região do corpo, principalmente indolor e sem febre, podendo estar associado ou não a sinais de inflamação
• Equimoses pelo corpo em regiões pouco frequentes, sobretudo quando não associadas a algum tipo de traumatismo
• Dores persistentes nos ossos, nas articulações e nas costas, especialmente se desperta a criança à noite, associada ou não a edema, massa ou limitação funcional
• Fraturas, sem trauma
• Sinais precoces de puberdade: acne, voz grave, ganho excessivo de peso, pelos pubianos ou aumento do volume mamário nas meninas com menos de 8 anos de idade e nos meninos com menos de 9 anos de idade
• Cefaleia persistente e progressiva, associada ou não a vômitos, diabetes insipidus, neurofibromatose, alterações na marcha, no equilíbrio e na fala, além de perda de habilidades desenvolvidas e alterações comportamentais
• Febre prolongada, perda de peso, palidez ou fadiga persistente e inexplicadas
• Prurido/sudorese noturna
• Aumento inexplicado de volume testicular
• Dor abdominal/massa abdominal
• Hematúria, hipertensão arterial inexplicadas por outras causas
• Hepatoesplenomegalia
• Dor nas costas, que piora na posição supina, com ou sem sinais de compressão medular
• Nevos com modificação de características prévias em áreas de exposição solar ou de atrito
• Obstrução nasal, sangramentos inexplicados
• Otalgia crônica e/ou otorreia crônica, especialmente se associada a dermatite seborreica
• Sangramento vaginal;
• Tosse seca e persistente, edema de face e turgência da jugular inexplicadas
• Linfonodomegalia cervical baixa em adolescente
• “Dor de dente” rebelde ao tratamento
Como é realizado o tratamento do câncer infanto-juvenil?
O diagnóstico definitivo do câncer é fornecido pelo exame citológico ou histopatológico de uma O tratamento se inicia com o diagnóstico correto. Neste contexto, é fundamental que o diagnóstico e tratamento sejam realizados em centro especializado em oncologia pediátrica, por equipe multiprofissional e individualizado para cada tipo histológico específico e de acordo com o estadiamento clínico da doença.
Compreendem
diversas modalidades terapêuticas, como quimioterapia, radioterapia, cirurgia, imunoterapia,
transplante de medula óssea ou de órgãos.