sexta-feira, 26 de junho de 2020

ATIVIDADES FÍSICAS PARA CRIANÇAS E COVID 19

Os benefícios das atividades físicas em todos os ciclos da vida estão na literatura, com grande potencial para prevenção/tratamento de doenças crônicas não transmissíveis e diminuição da morbimortalidade. No momento atual, tem-se dado atenção especial à relação da prática de atividades físicas e sistema imunológico.
Em geral, evidências robustas demonstram efeitos positivos da atividade física sobre o sistema imunológico com importante ação anti-inflamatória. Contudo, é preciso estar atento ao tempo de duração e, especialmente, à intensidade da atividade, pois são moduladores dessa relação.   Exercícios com intensidade moderada aumentam as defesas do organismo, ao passo que exercícios muito intensos podem causar imunossupressão. Estudo demonstrou que as infecções do trato respiratório superior podem diminuir em até 50% para indivíduos que realizam atividades físicas regulares de intensidade moderada e aumentar em até seis vezes para aqueles que realizam atividades muito intensas, ambos quando comparados com indivíduos sedentários.
A atividade física regular e de intensidade moderada com duração entre 30 e 60 minutos por sessão está associada à diminuição da mortalidade e das taxas de incidência de influenza e pneumonia, reforçando a importância da adoção/manutenção de modos de vida mais ativos neste momento de pandemia de COVID-19.
Nos últimos meses o mundo tem observado duas pandemias, a da COVID-19 e a da diminuição considerável da prática de atividades físicas e aumento dos comportamentos sedentários entre pessoas de todas as etnias, condições socioeconômicas e faixas etárias.
 A pandemia da COVID-19 criou uma situação de isolamento social extremo gerando assim o chamado estresse tóxico, em que famílias foram obrigadas a adotar novos modelos de convivência, tais como: trabalhar em casa, estudar diariamente com os filhos, utilizar mídias digitais/plataformas de ensino, assumir os trabalhos domésticos (alimentação, limpeza, compras de supermercados e higiene dos produtos recebidos, entre outras tarefas). O espaço doméstico, muitas vezes bastante limitado, teve que ser adaptado para atividades físicas mínimas e, consequentemente, se tornando um fator obesogênico. Ainda que as tarefas domésticas (ex.: varrer, passar, limpar a casa/faxinar, subir e descer escadas, etc) representem um dos quatro domínios da atividade física, o gasto energético e o estímulo fisiológico envolvido é geralmente reduzido, especialmente entre a população pediátrica. Idealmente, as crianças e adolescentes deveriam acumular 60 minutos de atividade física de intensidade moderada a vigorosa por dia, incluindo modalidades que estimulem ossos, músculos, mobilidade articular e exercícios envolvidos no desenvolvimento motor e de habilidades como equilíbrio e coordenação.
Nesse período de isolamento domiciliar, atender às recomendações de prática de atividades físicas tem sido um desafio também para os jovens. Neste sentido, visando aumentar o nível de atividade física, crianças e adolescentes podem praticar atividades físicas em casa de forma lúdica brincando de bambolê, cabra cega, amarelinha, pular corda, caminhar sobre corda no chão e cabo de guerra. As ideias de atividades incluem jogos tradicionais de recreio em ambientes fechados (esconder e procurar, marcar, pular) e criatividade (construir uma pista de obstáculos, jogar vôlei de balão ou aprender a fazer malabarismos).Além da diminuição da prática de atividades físicas, o confinamento social também demonstrou aumento expressivo da utilização das telas e dispositivos digitais, uma das  ferramentas encontradas pelos pais para “entreter” crianças e adolescentes, modificando consideravelmente o comportamento individual e familiar. As tecnologias digitais, embora muito úteis para a sociedade contemporânea, precisam ser orientadas pelos pais e responsáveis para promover uma utilização harmoniosa dos jovens.
O que os pais devem fazer para auxiliarem seus filhos nesse período?

• Enfatizar as medidas de isolamento e mínimo contato, principalmente em áreas comuns como parques, pracinhas e condomínios. É importante que pais e cuidadores aumentem a vigilância visual para garantir o distanciamento físico, especialmente entre crianças.
• Atentar para a segurança das crianças principalmente no trânsito (travessia de ruas, espaços muito amplos com pouca supervisão), pois o grande período de confinamento pode gerar excesso de energia positiva para atividades físicas ao ar livre.
• Reforçar todas as medidas de prevenção que deverão persistir mesmo após a volta à “normalidade”, tais como: lavagem constante de mãos com sabão, uso do álcool em gel, manter o distanciamento e mínimo contato físico com outras pessoas e evitar grandes aglomerações.
 • Promover a limpeza constante de brinquedos de uso frequente, em especial aqueles utilizados fora do domicílio e que tenham sido compartilhados com outras crianças.
• Ter sempre álcool em gel disponível para todas as atividades, principalmente naquelas em que há contato frequente de mãos e pernas nos parques infantis (balanço, escorrega, carrossel, redes para escalar, etc).
 • Estimular uso de máscaras faciais de pano adequadas nas atividades ao ar livre, levando em consideração a idade da criança/adolescente e o nível de compreensão da faixa etária envolvida. Os adolescentes possuem capacidade cognitiva para utilizar as máscaras de barreira de maneira correta, assegurando maior proteção individual e de grupo. Deve ser lembrado que o uso de máscaras em atividades aeróbias como corridas, jogar futebol/basquete e andar de bicicleta requer um período de adaptação ao novo modo de respirar “dentro da máscara”.
• Dar preferência a atividades ao ar livre em espaços amplos como pátios e parques, se possível, priorizando contato com a natureza: árvores, galhos soltos, terra, água, grama. Pular, correr, rolar são exemplos de atividades a serem desenvolvidas nessas áreas.
 • Reservar tempo nos fins de semana para praticar alguma atividade física com seus filhos: andar de bicicleta, brincar de bola, fazer castelo de areia, estimulando modos de vida saudável.
 • Os pais podem acessar as mídias digitais para procurar atividades físicas virtuais como jogos interativos, danças e aulas aeróbicas de acordo com a faixa etária dos filhos.
 • Dividir atividades domésticas com os filhos pode ser importante tanto para aumentar o nível de atividade física quanto para estreitar os laços e aumentar a cumplicidade familiar.
• Evitar que seus filhos pratiquem atividades físicas em caso de apresentarem sintomas gripais/respiratórios.
• Estimular o retorno gradativo às técnicas de esporte-terapia para crianças com necessidades especiais através do contato com educadores físicos e horas programadas para realização dos exercícios.

Nenhum comentário:

Postar um comentário