Contar histórias é sem dúvida uma das formas de comunicação
mais antigas que existem. Apesar do avanço das tecnologias, contar histórias
continua sendo uma das formas mais eficientes de promover à aprendizagem, a
reflexão, a descoberta e também de conectar as pessoas.
Especialistas garantem que essa arte pode se iniciar durante
a gestação, pois além de acalmar a gestante, o feto já é capaz de ouvir e
perceber pela audição (que já está apta a partir do quinto mês de vida intra
uterina) a entonação da mãe, a cadência das palavras e o ritmo que ela fala.
Através dos sons das palavras, circuitos neurais são construídos. Hoje sabemos
que a aprendizagem começa antes mesmo de nascermos.
Cada faixa etária necessita de estratégias para captar a
atenção e motivar a criança em participar da história.
Seguem algumas dicas:
A história exige concentração, portanto procure um lugar
acolhedor e silencioso para que a criança possa estar voltada ao que você for
apresentar. Desligue o celular e dedique este tempo exclusivo para seu filho.
Observe também os melhores horários para contar história para seu filho. Depois
do jantar, no final da tarde, na hora de dormir...teste e observe quais os
momentos melhores para a contação de histórias.
Com bebês até 8 meses, utilize livros resistentes, livros de
banho e procure criar um texto de acordo com as figuras que aparecem no livro.
Ex: Olhe o gatinho. Ele está na caixa. Vamos fazer carinho no gatinho? O
gatinho faz: MIAU. Cante canções dos personagens que aparecem também. Ex:
Borboletinha está na cozinha (canção folclórica) quando aparecer uma
borboletinha
A partir dos 8 meses, a criança provavelmente já senta sem
apoio, já está refinando sua coordenação e ,suas emoções também estão mais
evidentes. Livros com texturas são muito interessantes nesta idade, porém os
textos devem ser bem curtinhos, com objetos e fatos que pertençam ao cotidiano
da criança. Animais estão entre os temas prediletos. Retrate o ambiente sonoro
da cena. Você pode imitar os sons dos personagens, cantar uma música que
represente a cena, representar cada personagem através de um instrumento
musical, enfim, use sua criatividade! De forma gradual, através destas
atividades, serão estabelecidas as conexões cerebrais que relacionam as
palavras com o objeto, desenvolvendo a imaginação, memória, além de
introduzi-lo no convívio social. A criança nesta fase, ainda não entende a
muito bem a estrutura de seqüência. Procure dar ênfase na leitura das imagens,
porém contando a história de forma sucinta com começo, meio e fim.
A partir dos 2 anos, as histórias continuam curtas, porém
podemos dar mais ênfase a seqüencia dos fatos, pois nesta faixa etária, as
crianças começam a demonstrar mais concentração. Utilize figuras grandes com
textos pequenos e traga histórias que trabalhem situações que a criança possa
estar vivenciando (o desfralde, por exemplo). Converse com ele durante a
história e pergunte o que ele acha que vai acontecer. Faça algumas pausas.
Capriche na expressão facial. Criança adora surpresa e suspense.
A partir dos 3 anos e até um pouco antes disso, a criança já
apresenta o interesse pelas brincadeiras de faz-de–conta e demonstra a
capacidade de representar coisas ou situações não presentes. A criança
naturalmente começa a imitar ações rotineiras, depois ações de pessoas
próximas, e através destas brincadeiras, os pequenos expõem seus sentimentos,
frustrações e vontades. É interessante notar como a evolução das histórias, da
brincadeira e da linguagem caminham juntas. Uma auxilia no desenvolvimento da
outra.
As famílias podem trazer bonecos, objetos, elementos
diversos para dramatizar histórias como a “Linda Rosa Juvenil”, por exemplo.
Depois, a criança pode dramatizar com os fantoches para os adultos.
Dramatizando, a criança se expressa com a linguagem verbal, gestual e facial,
tornando a atividade mais complexa e desafiadora, além de iniciar a aprendizagem
de normas sociais, pois é necessário esperar sua vez para interagir conforme a
história vai acontecendo. Enfim, existem muitas possibilidades para estimular o
desenvolvimento de seu filho de uma forma divertida. É necessário, porém,
disposição, muita pesquisa, paciência e organização para o preparo das
atividades.
A partir desta fase, é importante também que o adulto
compartilhe com a criança, fatos que vivenciou compartilhar experiências e
deixar que a criança também conte suas próprias histórias. Ouvir ativamente,
respeitando o tempo do outro, cria laços afetivos profundos. Nossa história
também é uma narrativa e é muito importante este dialogo entre pais e filhos.
Relate suas experiências com o objetivo de estabelecer vínculos pessoais.
Conte-a com afeto e coloque seu coração nela. Conte uma história em vez de
apenas descrever fatos. Dessa forma, você poderá transmitir seu ponto de vista
de uma forma muito mais impactante para a criança.
Conforme a criança for crescendo procure incentivá-la a
contar e ler histórias pra você e diversifique os temas dos livros, deixe que
ela escolha também (de acordo com sua orientação) para que ela possa ampliar
seu vocabulário e no futuro tenha maior compreensão para o entendimento nas
diversas áreas de conhecimento. Ensine-a também a cuidar do livro e tratá-lo
com respeito.
Outros recursos importantes:
Quanto menor é a criança, mais importantes são os
recursos visuais, sejam fantoches, dedoches, bichinhos de pelúcia, etc. A
criança bem pequena, ainda está construindo seu repertório de imagens. Por
serem concretos, estes objetos promovem uma maior interação da criança com a
história proposta.
Caixas surpresas com os objetos que aparecem na
história são muito interessantes e criam momentos de suspense e mais emoção à
história, contribuindo também para que a criança memorize a seqüência dos fatos
da narrativa.
Conte histórias que você goste que te faça se sentir
confortável e entusiasmado. Escolha narrativas na qual você se identifique de
alguma forma.
Não se esqueça da expressão gestual. Já dizia o
famoso historiador e antropólogo Luis da Câmara Cascudo: “Com as mãos
amarradas não há criatura vivente para contar uma história”.
Seja expressivo tanto nos gestos, quanto na sua
expressão vocal ao contar histórias para as crianças. Tente imaginar a
situação, como é a vida e o sentimento deste personagem e dramatize, para que a
criança se envolva, possa entender e a narrativa faça ainda mais sentido.
Os benefícios para a criança que tem o privilégio de ter
pais contadores de histórias são muitos. Momentos de afetividade,
desenvolvimento na inteligência emocional e cognitiva da criança, ampliação de
vocabulário e imaginação, etc. Histórias ficam na memória e quando mexem com
nossa emoção (seja positiva ou negativa), jamais são esquecidas.
Que tal transformar a partir de hoje o momento da história,
em uma rotina na sua família?
Assim, seu filho associará o prazer da sua companhia ao
prazer de ler e ouvir histórias e certamente
aumentará seu interesse pelos
livros e pela leitura também, o que é maravilhoso, pois quanto mais lemos, mais
recebemos conhecimento. Certamente, fortes laços familiares serão criados e
fortalecidos em meio a um ambiente de afeto, deixando memórias positivas e
preciosas entre vocês. O universo é feito de histórias. Conte uma boa
história!!!