Engasgo que pode levar à asfixia é um importante problema de
saúde pública que preocupa a maioria dos pais. Riscos de asfixia são
principalmente associados a alimentos (cerca de 60% dos casos), moedas e
brinquedos.
Crianças menores de 3 anos merecem atenção especial quanto
aos alimentos a que são expostas, uma vez que essa é a faixa etária com maior
probabilidade de engasgo.
Por que crianças pequenas estão mais suscetíveis a engasgos?
As crianças são dotadas de reflexos naturais involuntários
que as protegem contra a aspiração de alimentos durante a deglutição. Tosse,
fechamento da glote e reflexo de vômito são exemplos dessa defesa natural.
Por volta dos 6 meses de idade os primeiros dentes, os
incisivos, começam a aparecer e até cerca de 18 meses os primeiros molares,
responsáveis pela mastigação e moagem dos alimentos, já nasceram.
Apesar de todo preparo natural as crianças são mais
suscetíveis a engasgos do que os adultos porque há algumas limitações que as
tornam mais vulneráveis. A força do ar gerado pela tosse de uma criança é menor
do que a força exercida por um adulto, fazendo com que esse reflexo seja menos
eficaz para desalojar uma obstrução parcial das vias aéreas. Outro aspecto diz
respeito à maturidade do processo de mastigação e deglutição: embora os dentes
já estejam presentes, as habilidades mastigatórias maduras levam mais tempo
para estarem plenamente desenvolvidas.
Se somarmos esses aspectos ao reduzido diâmetro das vias
aéreas superiores dos pequenos, entendemos melhor porque as crianças tem risco
aumentado para engasgos e asfixia.
Fatores comportamentais também podem aumentar o risco. Altos
níveis de atividade durante o ato de comer como caminhar ou correr, conversar,
rir ou comer rapidamente e ainda brincar de jogar uma comida no ar e pegá-la
com a boca ou encher muito a boca com alimentos aumentam as possibilidade de
obstrução das vias aéreas.
Quais alimentos são mais perigosos?
Alimentos com formatos ovalados, arredondados ou cilíndricos
são os campeões para o risco de asfixia por apresentarem o mesmo diâmetro das
vias aéreas superiores de uma criança.
Alimentos duros que exigem maior trituração e moagem também
são mais perigosos devido a pouca capacidade de mastigação plena dos pequenos.
Alimentos pastosos e pegajosos, com capacidade de “colarem” nas paredes da garganta
também podem obstruir as vias aéreas e reduzir a passagem de ar.
Dessa forma, os adultos devem ter muito cuidado ao oferecer
alimentos que se encaixam nessas categorias:
- Salsichas e linguiças;
- Amendoins, sementes, nozes e outras castanhas;
- Pipoca, principalmente as mal estouradas;
- Quantidade grande de pasta de amendoim, cream cheese;
- Balas e chicletes;
- Pedaços grandes de carnes e queijos duros;
- Marshmallows,;
- Salgadinhos (principalmente duros como a batata-frita e
similares).
E especialmente para os menores de 2 anos, além dos
alimentos acima, atenção especial aos abaixo listados:
- Uvas inteiras, uvas passas;
- Casca de fruta e frutas duras cruas (como a maçã e a pêra
verde);
- Vegetais duros crus e verduras cruas;
- Alimentos em forma de cordão (exemplo: broto de feijão,
espaguete, verduras cortadas em tiras como repolho ou couve).
Como dentre os perigosos há alimentos nutritivos e recomendados para a faixa
etária basta um cuidado especial na forma de apresentação para que não haja
risco de engasgo. Uvas cortadas na longitudinal (no sentido do comprimento),
vegetais duros, como cenouras, cortadas em palitos (no formato de batata frita)
e picar bem alimentos na forma de cordão são alternativas para que não haja exclusão
de alimentos nutritivos, mas sem surpresas durante a refeição.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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