sexta-feira, 3 de junho de 2016

O TESTE DO CORAÇÃOZINHO

  Cerca de 1 a 2 de cada 1000 recém-nascidos vivos apresentam cardiopatia congênita crítica. Em torno de 30% destes recebem alta hospitalar sem o diagnóstico, e podem evoluir para choque, hipóxia ou óbito precoce, antes de receber o tratamento adequado.

São consideradas cardiopatias congênitas críticas aquelas onde a apresentação clínica decorre  do fechamento ou restrição do canal arterial (cardiopatias canal-dependentes), tais como:
- cardiopatias com fluxo pulmonar dependente do canal arterial: atresia pulmonar e similares;
- cardiopatias com fluxo pulmonar dependente do canal arterial: Síndrome de hipoplasia do coração esquerdo, coartação da aorta crítica e similares;
- cardiopatias com circulação em paralelo: transposição de grandes artérias.

Diagnóstico:
Na maioria das unidades neonatais, a alta hospitalar é realizada entre 36 e 48 horas de vida. Nesta fase, a manifestação clínica das cardiopatias críticas pode não ter ocorrido, principalmente nas com fluxo dependente do canal arterial. Além disso, a ausculta cardíaca pode ser aparentemente normal nesta fase.
O diagnóstico precoce é fundamental, pois pode evitar choque, acidose, parada cardíaca ou agravo neurológico antes do tratamento da cardiopatia. As cardiopatias congênitas representam cerca de 10% dos óbitos infantis e cerca de 20 a 40% dos óbitos decorrentes de malformações. Melhorar o diagnóstico destas cardiopatias poderá reduzir a taxa de mortalidade neonatal em nosso meio.
O método ideal para o diagnóstico de cardiopatia congênita é o ecocardiograma com mapeamento de fluxo em cores seja fetal ou pós-natal, porém a sua utilização como ferramenta de triagem é inviável.
No grupo das cardiopatias congênitas críticas, ocorre uma mistura de sangue entre as circulações sistêmica e pulmonar, o que acarreta uma redução da saturação periférica de O2. Neste sentido, a aferição da oximetria de pulso de forma rotineira em recém-nascidos aparentemente saudáveis com idade gestacional > 34 semanas, tem mostrado uma elevada sensibilidade e especificidade para detecção precoce destas cardiopatias.

O teste da oximetria de pulso consiste em um exame não invasivo realizado com um aparelho chamado oxìmetro, encostando-se o sensor, que mede a oxigenação do sangue, na mão direita e em um dos pés do recém-nascido. O resultado é normal se o aparelho registrar um nível de oxigenação maior ou igual a 95% nas duas extremidades e diferença menor que 3 % entre as medidas do membro superior direito e do membro inferior. Se o resultado for menor que 95% ou houver diferença maior ou igual a 3% entre as extremidades, o teste é repetido em 1 hora. Persistindo o resultado, a criança deve ser submetida a uma ecocardiografia dentro das 24h seguintes e passará a receber acompanhamento cardiológico.
Este teste apresenta sensibilidade de 75% e especificidade de 99%. Sendo assim, algumas cardiopatias críticas podem não ser detectadas através dele, principalmente as do tipo coartação de aorta. A realização deste teste não descarta a necessidade de realização de exame físico minucioso e detalhado em todo recém-nascido antes da alta hospitalar.
É incontestável a importância desta ferramenta de diagnóstico e seu impacto no decréscimo da mortalidade neonatal.

 **Nosso oxímetro é o Milli, que além de suas funções básicas, é dedicado especialmente ao teste do coraçãozinho, cadastrando os dados, mostrando os resultados  tudo automaticamente, e imprimindo os dados de perfusão, pulso e oximetria.

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